* MÁRIO MATA BRANCO *
[01/12/1896 - 27/08/1959]
Mário Mata Branco foi iniciado na Maçonaria em 1928 e preso, pela primeira vez, em 1933, acusado de ser militante da célula do Partido Comunista em Faro e responsável pelo Socorro Vermelho Internacional. Voltou a ser encarcerado em 1934 e 1947.
[Mário Mata Branco || 21/06/1947 || ANTT || RGP/17696 || PT-TT-PIDE-E-010-89-17696]
Filho de Júlia Duque Mata Branco e de Francisco Rodrigues Branco, Mário Mata Branco nasceu em 1 de Dezembro de 1896, em Torres Novas, na freguesia de Santa Maria.
Funcionário do Banco do Algarve, onde era escriturário, foi iniciado na Maçonaria em 16 de Novembro de 1928, na Loja Gil Eanes N.º 413, em Faro, adoptando o nome simbólico de "Mário Neotorrejano", numa referência à terra do seu nascimento. Em 1932, era membro activo da Associação do Registo Civil [António Ventura, 120 Anos de Maçonaria no Algarve 1816 - 1936] e, no ano seguinte, já aparece referenciado como estando envolvido em actividades do Partido Comunista.
Vigiado pela Polícia de Defesa Política e Social, foi descrito, em 26 de Março de 1933, como «desafecto à actual situação política do País», «tem afinidades comunistas», «pertenceu ao Socorro Vermelho Internacional» e «fez parte do grupo de republicanos democratas, de Faro, que enviou um telegrama em 24 do corrente, ao Dr. Domingos Monteiro, redacção do "Século", felicitando-o pela conferência levada a efeito por este senhor» [ANTT, Cadastro Político 4389].
Cerca de cinco meses depois, em 12 de Agosto de 1933, Mário Mata Branco foi entregue pelo Comando da PSP de Faro à Polícia de Defesa Política e Social «por se encontrar em manejos comunistas». Terá aderido ao Partido Comunista por intermédio de João Correia Gaspar e mantido contactos com Alberto Carlos Braga Júnior, quando este se deslocou a Faro, o 1.º marinheiro Artur Alves, Francisco Paula de Oliveira, Francisco Simões, José Joaquim Lopes Macedo, Manuel Atayde Carvalho Moreira, comunista residente em Portimão, e Pedro Batista da Rocha: «das três Delegacias que foram feitas a Faro, o epigrafado esteve sempre em contacto com os elementos de agitação, o que confirma o seu interesse pelo Partido Comunista Português» [Cadastro Político 4389; Processo 799]. Em 1933, seria o responsável da Comissão local do Socorro Vermelho Internacional.
Libertado em 5 de Outubro de 1933, Mário Mata Branco seria preso em 28 de Setembro de 1934 para ser julgado pelo Tribunal Militar Especial que, reunido em 24 de Outubro, o absolveu [Processo 799A]. Saiu em liberdade no dia seguinte.
[Mário Mata Branco || 21/06/1947 || ANTT || RGP/17696 || PT-TT-PIDE-E-010-89-17696]
Voltou a ser detido em 20 de Junho de 1947, quando tinha 50 anos. Levado para uma Esquadra, foi transferido para a Penitenciária de Lisboa em 21 de Junho e entrou em Caxias em 23 de Setembro do mesmo ano [Processos 690/47 e 691/47]. Posto à disposição do Tribunal Militar Territorial em 29 de Outubro, o processo foi considerado extinto por acórdão de 27 de Maio de 1950 devido à amnistia de 10 de Maio do mesmo mês.
Faleceu em Lisboa em 27 de Agosto de 1959, com 62 anos de idade.
Fontes:
ANTT, Cadastro Político 4389 [Mário Mata Branco / PT-TT-PIDE-E-001-CX14_m0397, m0397a].
ANTT, Registo Geral de Presos 17696 [Mário Mata Branco / PT-TT-PIDE-E-010-89-17696].
António Ventura, 120 Anos de Maçonaria no Algarve 1816 - 1936, Sul, Sol e Sal, 2019.
[João Esteves]
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