[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

domingo, 26 de março de 2023

[3245.] PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO [CLXXXVII] || 1926 - 1933

PRESOS POR MOTIVOS POLÍTICOS: DA DITADURA MILITAR AO INÍCIO DO ESTADO NOVO || CLXXXVII *

01211. José da Silva Godinho [1932]

[Águas Santas, Maia, 23/11/1905, pedreiro. Filiação: Carolina de Jesus e Serafim da Silva. Casado. Residência: Rua Garcia, 56. Preso em 22/11/1932, "acusado de ter feito entrega de manifestos de propaganda anarquista a Francisco Cardoso Pires", o que não foi confirmado pela acareação realizada. Recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Libertado em 24/11/1932. Casou em Lisboa, em 17/04/1932, com Maria Laurinda da Cruz, de Vila Cova, Arganil, tendo enviado em 14/03/1934.

[Nota: O meu agradecimento a Nuno Ivo pelas preciosas informações complementares enviadas, abrangendo a data de nascimento, filiação, casamento e viuvez.
[alterado em 02/04/2023]

01212. José Antunes [1932]

[Preso em 25/11/1932 e levado para o Aljube; libertado dessa cadeia em 28/11/1932.]

01213. Luís Carvalho Ribeiro [1932]

[Vila Real, c. 1905, empregado do comércio. Filiação: Glória de Carvalho Ribeiro e Francisco Vieira Ribeiro. Solteiro. Residência: Rua Luís de Camões, 87. Preso em 25/11/1932, acusado de dizer mal da Situação, e levado para o Aljube. Não se provou, podendo tratar-se de uma vingança dos acusadores. Libertado do Aljube em 28/11/1932.]

01214. Fernando de Oliveira Pires [1932]

[Libertado em 25/11/1932 dos calabouços da 1.ª esquadra.]

01215. José Maria [1932]

[Libertado em 25/11/1932 dos calabouços da 1.ª esquadra.]

01216. Joaquim Martins [1932]

[Preso social. Transferido, em 28 /11/1932, da enfermaria do Limoeiro para o Hospital de S. José, onde ficou internado para tratamento.]

01217. Luís Fernando Laranjeira [1932]

[Entregue, em 28/11/1932, pela Delegação do Porto à SVPS de Lisboa, tendo recolhido ao segredo do Aljube.]

01218. Francisco Valério [1932]

[Arraiolos, c. 1880, cabo de cantoneiros. Filiação: Maria Joana e Valério Piteira. Casado. Residência: Rua da Cruz, 12 - Arraiolos. Preso e entregue pela PSP de Évora em 30/11/1932, "por motivos sociais", e levado para o Aljube. O processo foi enviado à Direção Geral de Segurança Pública a fim de ser julgado. Julgado pelo Tribunal Militar Especial em 26/05/933, foi absolvido e libertado.] 

01219. Manuel Tomás Barreto [1932]

[Março de 1933 || ANTT || PT-TT-PIDE-001-00538_m0001]

[Filho de Engrácia de Jesus e de Mário Monteiro Barreto, Manuel Tomás Barreto terá nascido em 1888, em Nossa Senhora da Graça do Divor, concelho de Évora. Cantoneiro, com residência na Estrada  Nacional Nº 18 - Casa do Cantoneiro, foi preso pela Polícia de Segurança Pública de Évora por motivos sociais e entregue à Polícia de Defesa Política e Social em 30 de Novembro de 1932, tendo o respetivo processo sido enviado ao Tribunal Militar Especial para se proceder ao seu julgamento. Segundo um comunicado da Federação Regional Portuguesa das Juventudes Anarco-Sindicalistas, datado de Março de 1933, Manuel Tomás Barreto tinha sido preso em Arraiolos, juntamente com outro modesto trabalhador de estradas, "sob a única acusação de pertencerem aos corpos gerentes da sua Associação de Classe cujo funcionamento estava autorizado por todas as leis vigentes". Ainda segundo o mesmo documento, os dois presos, "Levados para a cadeia de Évora, foram ali sujeitos aos maiores vexames e torturas físicas e morais, as quais continuaram em Lisboa na tenebrosa sede da moderna inquisição. // Nos infames calabouços policiais sofreram largos dias de rigorosa incomunicabilidade – suficiente só por si para transtornar o cérebro mais forte – sendo, por fim, arremessados para a tétrica Cadeia do Aljube onde impera o mais infame dos regimes penitenciários!". Em 3 de Março de 1933, o Director da Cadeia do Aljube informou a Polícia de Defesa Política e Social que Manuel Tomás Barreto começara a "apresentar indícios de alienação mental", sendo-lhe comunicado que o preso se encontrava à disposição do Tribunal Militar Especial de Lisboa, "única entidade que poderá modificar a sua situação". No dia seguinte, o TME autorizou a sua transferência para a Enfermaria da Cadeia do Limoeiro. Atendendo ao agravamento do seu estado de saúde, entrou, em 13 de Março, no Miguel Bombarda, onde ficou internado. No comunicado da Federação Regional Portuguesa das Juventudes Anarco-Sindicalistas, intitulado AO POVO // A DITADURA E A SUA OBRA // Um preso que enlouquece no Aljube de Lisboa, afirmava-se que "Manuel Tomás Barreto talvez consciente da desgraça que o liquidava ainda gritou no princípio da sua loucura violentos morras à Ditadura e vivas à Revolução Social. Os tiranos que o desgraçavam não o esqueciam! O Ideal que, embora rudemente tinha concebido, tardava a apagar-se-lhe da mente!", denunciando-se que "À extensa e negra lista de assassinatos, torturas, violências que a Ditadura já tinha escrito foi-lhe acrescentado um crime mais, cuja características horríveis não podem deixar ninguém, ninguém indiferente!".]

[João Esteves]

1 comentário:

nuno ivo disse...

Viva. Fui pesquisar paroquiais. Julgo que o 01211. José da Silva Godinho [1932] será o constante em registo de nascimento de 1905, nessa freguesia da Maia. https://pesquisa.adporto.arquivos.pt/viewer?id=1430768, (tif 104, registo 202). Nascido a 23/11/1905.

é filho de pai incógnito. e o pai não vem indicado nesse documento. Há anotação onde se indica que foi legitimado no ano seguinte pelo casamento dos progenitores (registo nº 1 do livro de 1906, Águas Santas, celebrado a 01.01.1906).

https://pesquisa.adporto.arquivos.pt/viewer?id=1430774 (tif. 04).

José Godinho casou-se em Lisboa, a 17.04.1932, com Maria Laurinda da Cruz, de Vila Cova, Arganil.
Enviuvou a 14.03.1934, como se verifica em https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=7658312, (tif-129-130). fls. 61 e 61v.

Não encontrei outra informação.


[Águas Santas, Maia, c. 1906, pedreiro. Filiação: Carolina de Jesus e Serafim da Silva. Casado. Residência: Rua Garcia, 56. Preso em 22/11/1932, "acusado de ter feito entrega de manifestos de propaganda anarquista a Francisco Cardoso Pires", o que não foi confirmado pela acareação realizada. Recolheu, incomunicável, a uma esquadra. Libertado em 24/11/1932.]