* MENSAGEM DAS FEMINISTAS REPUBLICANAS A ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA || 22/01/1909 *
Datado de 22 de Janeiro de 1909 e assinada por Adelaide Cabete, Ana de Castro Osório, Carolina Beatriz Ângelo, Maria Clara Correia Alves e Maria Veleda, o Museu da Presidência da República publicou ontem, Dia Internacional da Mulher, um texto dirigido a António José de Almeida enquanto republicano.
Tinha a finalidade de auscultar a opinião feminina, ao «apurar qual dos republicanos – deputados ou não deputados, chefes ou não chefes, tem maior número de votos de confiança e simpatia entre nós», devendo as respostas/votos, «indicando o nome do político preferido pelas suas qualidades de carácter, dotes oratórios e orientação filosófica», ser enviadas para Adelaide Cabete, Ana de Castro Osório, Maria Clara Correia Alves ou Maria Veleda.
Para surpresa das promotoras, a iniciativa redundou num êxito, recebendo-se cartas de todo o país: votaram 834 mulheres e a escolha recaiu sobre António José de Almeida (252 votos), seguido de Afonso Costa (192 votos) e Fernão Botto Machado (124 votos), o que deixou desgostosa Maria Veleda, que «outro nome desejaríamos ver triunfante, porque António José d'Almeida não se interessou ainda bastante pelo ideal feminista, a ponto de granjear por esse motivo o aplauso da mulher portuguesa, havendo outros que têm trabalhado com verdadeiro entusiasmo em prol da nossa libertação», como Botto Machado.
O número de votantes prenunciava o grau de consciencialização política das mulheres letradas e não pode ser dissociado da adesão que a Liga Republicana das Mulheres Portugueses registou ao constituir-se em Agosto de 1908.
O resultado foi apurado numa reunião realizada no consultório de Adelaide Cabete em 9 de Outubro de 1908, tendo-se decidido redigir uma mensagem a António José de Almeida e ir entregá-la pessoalmente.
É esta mensagem, assinada pelas cinco principais líderes do feminismo português ainda antes da implantação da República, que o Museu da Presidência da República publicitou e que aqui se reproduz com a devida vénia.
[João Esteves]
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