«FeminismoIIA actividade comercial, industrial e artística da mulher desenvolveu-se consideravelmente nestes últimos dez anos.
As professoras de música, de pintura, etc., aumentam de ano para ano em toda a parte.
Mas se o número das mulheres que trabalham aumenta, o seu salário não segue a mesma progressão: o salário da mulher ainda que tenha aumentado notavelmente, é muito inferior ao do homem.
Visto que a mulher tem de procurar trabalho quando é insuficiente o ganho do marido, este deveria compreender que é de seu interesse que a mulher, para um trabalho igual ao dele, tenha igual salário. Não deveria criar-lhe dificuldades. Pelo contrário.
Um degrau mais acima na sociedade, por exemplo, nos empregados do comércio e do Estado, a desigualdade é a mesma. Porquê? Por que é que o homem não defende a mulher?
Um outro ponto sobre o qual é preciso ainda insistir, é o seguinte: as mulheres raras vezes atingem posições elevadas, mas isso é sempre devido à má vontade dos homens.
São em grande número as mulheres que desenvolvem actividade comercial ou industrial; mas infelizmente só o fazem nos empregos inferiores.
Não nos parece que seja exagerada a pretensão da mulher a um salário igual ao do homem para um trabalho igual ao dele.
Visto como as mulheres são capazes de desempenhar diversos empregos conforme lhe permitirem as suas faculdades, porque motivo há-de o homem impedi-las de ocupar esses empregos?
Nobilitar a mulher admitindo-a a um trabalho maior e mais perfeito do que aquele que actualmente desempenha, deveria ser uma das grandes aspirações da actual sociedade, de que a mulher representa a parte mais numerosa, mas não a mais feliz.»
[O Mundo, 26/06/1906]
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