* MARIANA COELHO *
[10/09/1857 - 29/11/1954]
Educadora, jornalista e feminista assumida.
Filha de Manoel António Ribeiro Coelho e de Maria do Carmo Meireles Coelho, nasceu em Sabrosa, Vila Real, em 10 de Setembro de 1857 [Américo Lopes de Oliveira e Hilda Agnes Hübner Flores, nos seus dicionários, indicam o ano de 1872 como o do nascimento] e faleceu em 29 de Novembro de 1954, já nonagenária.
Em 1892, com 35 anos, fixou-se em Curitiba, Brasil, onde fundou e dirigiu o Colégio Santos Dumont e a Escola Profissional Feminina República Argentina.
Escreveu sobre a violência e a inserção das mulheres no mercado de trabalho; tal como outras portuguesas radicadas no Brasil, tornou-se, em Outubro de 1916, accionista da Empresa de Propaganda Feminista e defesa dos direitos da mulher [“Empresa de propaganda feminista e defesa dos direitos da mulher”, A Semeadora, nº 17, 15/11/1916]; integrou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino; e representou o Paraná nos seus congressos feministas de 1922, 1933 e 1936.
Na década de 30, pertenceu ao núcleo responsável pela criação do Centro Paranaense Feminino de Cultura e, em 1933, publicou o importante livro A evolução do feminismo - Subsídios para a sua história [Rio de Janeiro, Imprensa Moderna, 1933, 611 pp.; esta obra pode ser consultada na Biblioteca da CIG], «um dos primeiros trabalhos de análise e reflexão sobre a trajectória das mulheres brasileiras» e onde examinou, ainda que com imprecisões factuais, o movimento feminista português durante o período da 1.ª República, mostrando que o acompanhava.
Defensora da participação pública das mulheres, manteve colaboração, durante décadas, em periódicos portugueses e brasileiros , sobretudo de Curitiba, e assinou textos no semanário Corimbo, de Rio Grande do Sul, que também incluiu escritos de Ana de Castro Osório [Hilda Agnes Hübner Flores, “Corimbo (1883-1943) e feminismo no Brasil”, Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher, nº 4, Edições Colibri, 2000, pp. 71-88].
Em 1917, o jornal portuense Montanha inseriu um estudo seu intitulado “A principal emancipação feminina” [“Notas Feministas”, A Semeadora, nº 21, 15/03/1917].
Considerada “feminista paranaense”, Mariana Coelho sofreu influências do caso português, até porque o acompanhou por via dos órgão das associações feministas nacionais, e contribuiu para a sua consolidação nos dois lados do Atlântico.
Mariana Coelho terá colaborado, pelo menos, nos seguintes periódicos: Jornal da Manhã (Porto); A Voz Pública (Porto); O Comércio de Vila Real (Vila Real, 1887); O Atelier (Braga, 1887); A Federação Escolar (Porto, nº 193, 01/06/1890); Diário do Comércio (1892); A República; O Cenáculo; Almanach Paranaense; Gazeta do Povo (1896); A Pena; O Sapo; O Beijo (1899-1900); Breviário; Diário da Tarde; Folha Rósea; O Olho da Rua; Fanal; A Bomba (1913); Comércio do Paraná; Almanach do Peitoral Paranaense (1914); Senhorita (1920); Prata da Casa; A Sempre-Viva; O Estado do Paraná – todos de Curitiba; Corimbo, de Rio Grande, RS; e revista Renascença, de S. Paulo – cf. Hilda Agnes Hübner Flores, Dicionário de Mulheres, Porto Alegre, Nova Dimensão, 1999, e Inocêncio Francisco da Silva e Brito Aranha, Dicionário Bibliográfico Português, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, vol. XVIII.
[João Esteves]
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