[Cipriano Dourado]

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[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

[2617.] JAIME AUGUSTO FRANÇA DE CARVALHO [I] || A MORTE QUANDO AGUARDAVA A CHEGADA DOS RESTOS MORTAIS DO PAI, MORTO NO TARRAFAL

 * JAIME AUGUSTO FRANÇA DE CARVALHO *

[1913 - 14/02/1978]

MORRER DE EMOÇÃO QUANDO AGUARDAVA A CHEGADA DOS RESTOS MORTAIS DO PAI, MORTO NO TARRAFAL

[Diário de Lisboa || 15/02/1978]

Jaime Augusto França de Carvalho nasceu em 1913, em Lisboa, filho de Hortense Magna França e de Albino António de Oliveira Carvalho, que passou mais de 40 anos a caminho das cadeias, sendo várias vezes preso durante a Monarquia, 1.ª República, Ditadura Militar e Estado Novo. 

Preso em 21 de Junho de 1931, "acusado de fazer parte do grupo revolucionário chefiado por José da Silva Tendeiro", Jaime Augusto França de Carvalho foi libertado em 29 de Junho do mesmo mês, por "não ter, neste caso, grandes responsabilidades" [Processo 4997-A]. 

Segundo o Diário de Lisboa de 15 de Fevereiro de 1978, trabalhou na Caixa Geral de Depósitos, de onde foi afastado por motivos políticos, e tornou-se delegado de propaganda médica, tendo sido preso por várias vezes. 

O mesmo jornal noticia o seu falecimento aos 64 anos de idade, em 14 de Fevereiro de 1978, quando aguardava, ansiosamente, o regresso dos restos mortais do pai, morto no Tarrafal em 22 de Outubro de 1941. 

O pai fora preso três vezes durante a Monarquia (1898, 1908, 1909), quatro vezes durante a 1.ª República (1917, 1918, 1920, 1920), uma vez durante a Ditadura Militar (1927) e deportado para África, de onde só regressou em 1934, sendo a última vez preso em 1937 e levado para o Tarrafal em 20 de Junho de 1939, Campo de Concentração onde faleceu em 22 de Outubro de 1941.

[Albino António de Oliveira de Carvalho || 25/05/1927 || -ca-PT-TT-PVDE-Polícias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]

Entre os 13 anos e os 56 anos de idade, conheceu esquadras, a Penitenciária de Lisboa, o Aljube, Peniche, Caxias e a deportação em Angola e no Tarrafal, sendo por isso, muita a ansiedade que Jaime Augusto França de Carvalho, que tão pouco pudera conviver com o pai, manifestava dias antes da trasladação dos restos mortais dos tarrafalistas para Portugal: "Não resistiu à emoção sentida pela aproximação da chegada ao solo pátrio dos restos mortais de seu pai, um dos 32 mortos no Tarrafal", tendo familiares e amigos notado "um estado de crescente nervosismo e inquietação" à medida que se aproximava a data do desembarque daqueles [Diário de Lisboa, 15/02/1978]. 

[Diário de Lisboa || 15/02/1978]

[João Esteves]

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