[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

sábado, 18 de dezembro de 2021

[2646.] GUILHERME DA COSTA CARVALHO [II] || NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO (1921 - 2021)

 * GUILHERME DA COSTA CARVALHO *

[11/06/1921 - 24/03/1973]

GUILHERME DA COSTA CARVALHO - EVOCAÇÃO DE UM REVOLUCIONÁRIO

DORP || Edições Avante! || Dezembro de 2021


Edição comemorativa do centenário do nascimento de Guilherme da Costa Carvalho [11/06/1921 - 24/03/1973], militante do Partido Comunista desde o tempo de estudante da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e que, entre 1945, quando entrou na clandestinidade, e 1973, ano da sua morte prematura, exactamente com a mesma idade da mãe, passou mais de metade do tempo preso, totalizando 16 anos e meio de cativeiro por motivos políticos, passando pelo Aljube, Caxias, Peniche e Campo de Concentração do Tarrafal.

[Guilherme da Costa Carvalho, à esquerda, a embarcar com destino ao Tarrafal || Porto de Leixões - 18/09/1949]

Preso em 1948, 1959, 1960 e 1963, participou nas fugas históricas de Peniche (1960) e Caxias (1961). A última prisão deu-se em 7 de Maio de 1963 e só seria libertado ao fim de nove anos, em 16 de Fevereiro de 1972, já muito doente, falecendo no ano seguinte.

Se esta edição evoca, através de diversa documentação, o militante comunista, eleito para o seu Comité Central em 1957 e 1965, e antifascista, nomeadamente através da carta para os pais, datada de 21 de Julho de 1949, onde pede, insistentemente, que agradeçam, pessoalmente, a todos os que se dispuseram a testemunhar a seu favor, dá, simultaneamente, o retrato do "homem generoso, íntegro, de grande coragem, culto, sensível, preocupado sempre com o rigor" [p. 10].

Contando com o apoio incondicional dos pais, que o acompanharam em todas as detenções e o visitaram no Tarrafal, estabelecendo um vínculo entre os restantes presos políticos e as suas famílias, esta "Evocação de um revolucionário", organizada pela Direção da Organização Regional do Porto do Partido Comunista, inclui, ainda, o manuscrito Relâmpagos do meu coração, datado de 1967, livro que reúne 42 poemas escritos no Aljube e dedicados à mãe, Herculana de Jesus da Costa Dias de Carvalho [23/12/1900 - 16/05/1952], e à avó materna, Maria Custódia da Costa [17/06/1875 - 20/06/1959].

O "homem tranquilo, ameno, atencioso", que "falava serenamente, a olhar nos olhos  e escutava com muita atenção" é, também, recordado por Herculana Rosa Diogo de Carvalho, sua filha, no escrito "Meu Pai": 

"Adorava estar com as pessoas, atento a todos e delicado com cada um. Tinha um sentido de humor apurado que usava com o coração e os olhos a brilhar de malandrice, afecto e prazer. Nunca o vi alterado, zangado ou crispado. Nunca o ouvi queixar-se mesmo estando a morrer" [p. 59].

Guilherme da Costa Carvalho não conheceu a Liberdade e foi um dos muitos presos políticos que seria libertado para, pouco depois, morrer. 

Tinha, apenas, 51 anos de idade!

Na capa, fotografia de Guilherme da Costa Carvalho no Tarrafal, tirada pelo seu pai, Luís Alves de Carvalho, aquando da deslocação àquele Campo de Concentração. 



Luís Carvalho tirou, então, fotografias, individuais ou em grupo, a todos os outros presos políticos, tendo, no regresso ao Continente, visitado, com a mulher, as suas famílias, a quem entregou esses registos.

[João Esteves]

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