* CUSTÓDIO DA COSTA *
[10/01/1904 - 22/11/1980]
Anarcossindicalista, preso por duas vezes (1932, 1934), Custódio da Costa participou activamente na Greve Geral Revolucionária de 18 de Janeiro de 1934 e integrou o grupo de presos políticos que inaugurou o Campo de Concentração do Tarrafal, onde esteve deportado treze anos (1936 - 1949).
[Custódio da Costa || ANTT || Livro de Cadastrados 3 || ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903 || "Imagem cedida pelo ANTT"]
Filho de Joaquina Marques da Costa e de Manuel da Costa, Custódio da Costa nasceu em 10 de Janeiro de 1904, na freguesia de Esgueira - Aveiro.
Padeiro anarcossindicalista, foi preso, pela primeira vez, em 30 de Maio de 1932, «por andar a distribuir manifestos de propaganda subversiva e de incitamento à greve geral» [ANTT, Cadastro Político 5145], tendo, ainda, entregue alguns daqueles a Luís Nunes de Azevedo [Processo 403]. Residiria, então, na Rua Manchester, N.° 1 - 1.°, Lisboa, e saiu em liberdade em 15 de Junho do mesmo ano.
Em 1933, no âmbito das suas actividades sindicais, representou a Federação da Alimentação no Conselho Confederal da Confederação Geral do Trabalho.
Teve papel de destaque na Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934, integrando o seu Comité de Acção e colaborando com Eurico Pinto Mateus, João Serra, Joaquim Montes, Manuel Henriques Rijo, Manuel Vilanova / Manuel Rodriguez Vilanueva, padeiro de nacionalidade espanhola, e Romão dos Santos Duarte na preparação, transporte e distribuição de explosivos [Processo 1011].
Como sinal para o despoletar do movimento, Custódio da Costa estava encarregue de fazer explodir uma bomba no Miradouro da Senhora do Monte, na Graça, às 3 horas da manhã do dia 18, o que não chegou a suceder por decisão dos dirigentes da CGT perante a forte e inesperada mobilização policial em Lisboa e arredores.
[Custódio da Costa || 1934 || ANTT || RGP/54 || PT-TT-PIDE-E-010-1-54_P2_m0016]
Com residência na Rua da Senhora da Glória 74, foi preso em 4 de Fevereiro de 1934 e julgado pelo TME em 8 de Março. Condenado a 12 anos de degredo, ficando, depois, à disposição do Governo, recorreu da decisão, mas esta foi confirmada em acórdão de 15 de Março. Seguiu para Angra do Heroísmo em 8 de Setembro de 1934 e, depois, em 23 de Outubro, integrou a primeira leva de presos políticos que inaugurou o Tarrafal, onde permaneceu até 1949, pertencendo à respectiva Organização Libertária.
[Fotografia postada por Antónia Gato no FNM, com as respectivas identificações || Organização Libertária do Tarrafal - 1945 || Processo do 18 Janeiro de 1934: Da esquerda para a direita, sentados: José Ramos dos Santos; Bernardo Casaleiro Pratas; Joaquim Duarte Ferreira; Américo Fernandes. Em Pé: Joaquim Pedro; Custódio da Costa; José Ventura Paixão; José Ricardo do Vale; António Gato Pinto; Acácio Tomás de Aquino]
Cumpridos os 12 anos a que fora condenado pelo TME, foi entregue, em 31 de Dezembro de 1945, ao Ministério da Justiça. Continuou detido no Tarrafal mais três anos e oito meses.
Em 6 de Agosto de 1949, o Tribunal de Execução das Penas concedeu-lhe a liberdade condicional, por proposta do Director do Campo, sob cinco condições: «fixação da residência em Cabo Verde, sem prejuízo da vinda à Metrópole, mediante autorização da entidade fiscalizadora»; «não frequentar meios ou locais especialmente procurados por elementos suspeitos»; «não acompanhar pessoas suspeitas ou de má conduta, designadamente antigos companheiros que tenham estado ligados a actividades subversivas»; «aceitar a protecção e indicações de uma instituição do Patronato ou de pessoa encarregada de o exercer»; e «a fiscalização fica a cargo do Director da Colónia Penal de Cabo Verde e da Polícia Internacional e de Defesa do Estado».
[Custódio da Costa || 11/11/1949 || ANTT || RGP/54 || PT-TT-PIDE-E-010-1-54_P2_m0015]
Saiu em liberdade condicional em 1 de Setembro, desembarcou, em 10 de Novembro de 1949, em Lisboa e, no dia seguinte, foi submetido a mais uma sessão de fotografias policiais, indo residir para casa de Victor dos Santos Pereira, no Campo 28 de Maio, 294, 2.°.
Sem poder ausentar-se do Concelho de Lisboa sem a devida autorização e obrigado a apresentar-se nos Serviços Centrais da PIDE no dia 11 de cada mês, até às 20 horas, foi-lhe concedida a liberdade definitiva por sentença de 24 de Outubro de 1952 do Tribunal de Execução das Penas.
Em liberdade, terá entrado para a Marinha Mercante.
Participou, depois do 25 de Abril de 1974, no ressurgir do movimento libertário, com ligações ao jornal A Batalha. Foi nesta redacção que, em Janeiro de 1975, foi entrevistado para o Diário de Lisboa por José António Salvador sobre os acontecimentos de 18 de Janeiro de 1934.
[Custódio da Costa || Janeiro de 1975 || Diário de Lisboa || 18/01/1975]
[Diário de Lisboa || 18 de Janeiro de 1975]
Faleceu em 22 de Novembro de 1980.
[Custódio da Costa || 11/11/1949 || ANTT || RGP/54 || PT-TT-PIDE-E-010-1-54_P2_m0014]
NOTA: Atenção ao uso indevido das imagens sem a devida autorização do Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Fontes:
ANTT || Livro de Cadastrados 3 [Custódio da Costa / ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903].
ANTT || Livro de Cadastrados 3 [Custódio da Costa / ca-PT-TT-PVDE-Policias-Anteriores-3-NT-8903].
ANTT, Processo Político 5145 [Custódio da Costa / PT-TT-PIDE-E-001-CX08_m0424, m0424a].
ANTT, Registo Geral de Presos 54 [Custódio da Costa / PT-TT-PIDE-E-010-1-54].
"O '18 de Janeiro de 1934' - Uma bomba de 9 quilos para Lisboa", Diário de Lisboa, 18/01/1975.
[João Esteves]
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