* FLORIANO GABRIEL SOARES SAMPAIO LUZ *
[11/10/1915 - ?]
Militante das Juventudes Comunistas, Floriano Sampaio Luz foi preso em 1933, 1934, 1936 e 1947. Conheceu os calabouços do Governo Civil, a Casa de Reclusão da Torre de São Julião da Barra, o Aljube, Caxias e esteve quase três anos deportado em Angra do Heroísmo.
[Floriano Sampaio Luz || 1933 ou 1934 || ANTT || RGP/2729 || PT-TT-PIDE-E-010-14-2729_P2_m0014]
Filho de Palmira da Conceição Soares Luz e de Adolfo Jaime Sampaio Luz, Floriano Gabriel Soares Sampaio Luz nasceu em 11 de Outubro de 1915, em Lisboa.
Estudante, integraria, a Célula N.° 49 do Comité de Zona N.° 4 das Juventudes Comunistas, sendo o seu Secretário. Tinha, também, a cargo a Comissão Feminina.
Em 20 de Janeiro de 1933, foi um dos participantes na distribuição de manifestos clandestinos à porta das Oficinas Gerais da CML, em Alcântara.
Foi preso pela primeira vez em 24 ou 26 de Janeiro de 1933, quando participava numa reunião clandestina juntamente com Adolfo Teixeira Pais, "O Diabo", António da Piedade Cipriano, João Ferreira de Abreu e Manuel dos Santos, "O Manuel da Fonte Santa". Tratava-se de uma reunião do Comité de Zona N.° 4 realizada na Rua 1.° de Maio, no fim da qual foram surpreendidos por dois agentes da PSP.
Na sequência da recusa de os acompanharem à esquadra, um dos guardas foi ferido com um tiro. Enquanto Adolfo Teixeira Pais e Manuel dos Santos fugiram, os outros três foram logo presos, levados para os calabouços do Governo Civil e entregues à Polícia de Defesa Política e Social [Processo 626]. Segundo o Cadastro Político de Floriano Sampaio Luz, este era considerado «um elemento bastante activo e muito perigoso» [ANTT, Cadastro Político 4878].
Subscreveu a Carta Aberta impressa, datada de 30 de Março de 1933, em resposta a uma visita do Ministro do Interior [Albino Soares Pinto dos Reis Júnior (30/09/1888 - 14/05/1983)] ao Aljube e à respectiva nota oficiosa publicada nos jornais, em que 56 dos 75 presos no Aljube de Lisboa esclarecem e denunciam as torturas sofridas, sendo que «foram espancados 49, e alguns duma maneira bastante selvagem».
Subscreveu a Carta Aberta impressa, datada de 30 de Março de 1933, em resposta a uma visita do Ministro do Interior [Albino Soares Pinto dos Reis Júnior (30/09/1888 - 14/05/1983)] ao Aljube e à respectiva nota oficiosa publicada nos jornais, em que 56 dos 75 presos no Aljube de Lisboa esclarecem e denunciam as torturas sofridas, sendo que «foram espancados 49, e alguns duma maneira bastante selvagem».
Em 15 de Março de 1933, seria transferido para a Casa de Reclusão da Torre de São Julião da Barra, de onde se evadiu em 27 de Dezembro.
[Floriano Sampaio Luz || 1933 ou 1934 || ANTT || RGP/2729 || PT-TT-PIDE-E-010-14-2729_P2_m0014]
Julgado em 2 de Março de 1934, foi condenado a 10 meses de prisão correccional a contar da data de captura [Processo 31/934 do TME].
Voltou a ser detido em 6 de Abril de 1934, por se ter evadido anteriormente [Processo 626-A], e libertado no dia 1 de Maio.
Continuou com a sua militância e, em 10 de Março de 1936, voltou a ser preso por fazer parte da Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas e ter participado, juntamente com António Gomes Pereira, Edmundo Pedro, Helder David Dias de Meneses, Júlio Agostinho Marques da Silva, Manuel José Ferreira e outros, nos comícios relâmpago realizados na Escola Industrial Machado de Castro e Escola Comercial Rodrigues Sampaio.
Uma semana depois, quando era conduzido da Secção Política e Social da PVDE à esquadra onde se encontrava incomunicável, conseguiu fugir [Processo 1813], permanecendo em Espanha entre 29 de Maio e 2 de Agosto de 1936, dia em que se entregou no Posto da Secção Internacional da PVDE em Vilar Formoso.
A fuga para Espanha fora feita na companhia de José Cabral de Jesus, que também tinha escapado à PVDE.
Levado incomunicável para uma esquadra, foi transferido para a 1.ª em 6 de Agosto e entrou no Aljube em 19 do mesmo mês. Em 17 de Outubro, embarcou para Angra do Heroísmo e aí foi julgado pelo TME em 29 de Maio de 1937, condenando-o em 4 anos de prisão e perda dos direitos políticos [Processo 165/936 do TME].
Três anos depois, em 7 de Junho de 1939, foi transferido de Angra para a prisão de Caxias, onde entrou a 8, depois de ter passado um dia no Aljube. Por ter sido indultado, foi libertado em 24 de Dezembro de 1939.
[Floriano Sampaio Luz || 01/04/1947 || ANTT || RGP/2729 || PT-TT-PIDE-E-010-14-2729_P2_m0013]
Voltou a ser detido, para averiguações, em 1 de Abril de 1947, levado para o Aljube e libertado em 6 de Maio.
[Floriano Sampaio Luz || 01/04/1947 || ANTT || RGP/2729 || PT-TT-PIDE-E-010-14-2729]
Paula Godinho, na Dissertação de Doutoramento em Antropologia "Memórias da Resistência Rural no Sul - Couço (1958 - 1962)" [UNL - FCSH, 1998], evoca a memória de Floriano Sampaio Luz, «velho lutador com quem convivi ao longo de mais de 20 anos, que me ensinou a perceber "por dentro" instituições com a marca do segredo e a perscrutar, de forma participante, a matéria de que se fazem os revolucionários e as revoluções».
Fontes:
ANTT, Cadastro Político 4878 [Floriano Gabriel Soares Sampaio Luz / PT-TT-PIDE-E-001-CX09_m0324, m0324a, m0324b, m0324c].
ANTT, Registo Geral de Presos 2729 [Floriano Gabriel Soares Sampaio Luz / PT-TT-PIDE-E-010-14-2729_m0271].
[João Esteves]
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