[Cipriano Dourado]

[Cipriano Dourado]
[Plantadora de Arroz, 1954] [Cipriano Dourado (1921-1981)]

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

[2256.] ADOLFO TEIXEIRA PAIS [I] || PRESO EM 1933, 1935, 1936, 1952 E DEPORTADO PARA O TARRAFAL (1936-1945)

* ADOLFO TEIXEIRA PAIS *
[07/07/1912 - ?]

Militante das Juventudes Comunistas, Adolfo Pais, referenciado como "O Cantador de Fado" ou "O Diabo", foi preso por quatro vezes e passou nove anos no Tarrafal.

[Adolfo Teixeira Pais || ANTT || RGP/896 || PT-TT-PIDE-E-010-5-896_m0197]

Filho de Ana Joaquina Teixeira e de Germano Pais, Adolfo Teixeira Pais nasceu em 7 de Julho de 1912, em Lisboa.

Empregado no comércio, militava nas Juventudes Comunistas e integrava a Célula N.° 47 do Comité de Zona N.° 4, tendo, anteriormente, pertencido à Célula N.° 46.

Este Comité reunir-se-ia às terças-feiras, pelas 21 horas, no Jardim da Parada, em Campo de Ourique e Adolfo Teixeira Pais desempenharia as funções de Secretário da Comissão de Organização, composta, entre outros, por Manuel dos Santos, "O Manuel da Fonte Santa", e Virgínio de Jesus Luís.

Segundo o seu Cadastro Político [ANTT, Cadastro Político 5210], também assistiria às reuniões que se efectuavam às segundas-feiras, à esquina do Café Itália ou à porta do Coliseu, com a Comissão Regional e onde estavam presentes os delegados das outras Zonas: Cintra, pela Zona N.° 1, Luna pela número 3, ele, pela N.° 4, e um tal Liberto ou Ferreira, da Comissão Regional.

Integrou o grupo que, em 20 de Janeiro de 1933, distribuiu manifestos clandestinos à porta das Oficinas Gerais da CML, na Rua 24 de Julho - Alcântara, entregues por Virgínio de Jesus Luís, enquanto Manuel dos Santos discursava no comício relâmpago então efectuado.

Finda a reunião do Comité de Zona N.° 4 realizada em 24 de Janeiro de 1933, os intervenientes  foram abordados na rua por dois guardas da PSP, tendo, na sequência de um tiro e do ferimento de um dos agentes, Adolfo Teixeira Pais fugido com Manuel dos Santos.

[Adolfo Teixeira Pais || ANTT || RGP/896 || PT-TT-PIDE-E-010-5-896_m0197]

Em 26/02/1933, Adolfo Pais seria preso em casa pela PSP, levado para o Governo Civil e, depois, entregue à Polícia de Defesa Política e Social [Processo 626]. Considerado «elemento bastante activo e perigoso», foi julgado pelo Tribunal Militar Especial em 2 de Março de 1934 e condenado a 600 dias de prisão [Processo 31/933 do TME].

Subscreveu a Carta Aberta impressa, datada de 30 de Março de 1933, em resposta a uma visita do Ministro do Interior [Albino Soares Pinto dos Reis Júnior (30/09/1888 - 14/05/1983)] ao Aljube e à respectiva nota oficiosa publicada nos jornais, em que 56 dos 75 presos no Aljube de Lisboa esclarecem e denunciam as torturas sofridas, sendo que «foram espancados 49, e alguns duma  maneira bastante selvagem».

Libertado em 21 de Dezembro de 1934, voltou a ser preso no ano seguinte, em Abril de 1935, quando era soldado. A ordem do Ministro da Guerra indicava que devia ser entregue à PVDE, tendo, em 24 de Abril de 1935, o Regimento de Artilharia de Costa N.° 1 - Trafaria confiado o soldado recruta Adolfo Teixeira Pais [Processo 1455].

Levado para a 1.ª Esquadra, foi transferido para Peniche em 16 de Maio, «em virtude de ter sido um dos principais autores duma insubordinação levada a efeito no calabouço N.° 6 do Governo Civil». Licenciado da tropa em 21 de Junho, voltou para os calabouços do Governo Civil em 12 de Julho, sendo libertado em 22 do mesmo mês.

[Adolfo Teixeira Pais || ANTT || RGP/896 || PT-TT-PIDE-E-010-5-896_m0197]

No ano seguinte, em 19 de Fevereiro de 1936, voltaria a ser preso, «enquanto comunista», pela Secção Política e Social da PVDE. Permaneceu numa esquadra até ser levado, em 15 de Abril, para Peniche e, em 14 de Outubro, já estava em Caxias, antecâmara da deportação para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde integraria a primeira leva de presos políticos e ficaria por 9 anos [Processo 625/36].

Abrangido pela amnistia de 18 de Outubro de 1945, regressou a Lisboa em 1 de Fevereiro de 1946, saindo em liberdade e ido viver para a Rua Convento da Encarnação 43 - 3.°.

Referenciado como electricista, Adolfo Teixeira Pais foi preso pela última vez em 18 de Agosto de 1952, «por emigração clandestina». Recolheu à Cadeia de Castelo de Vide, sendo julgado pelo Tribunal daquela Comarca [Processo 840/952].

Terá aderido ao Partido Socialista depois do 25 de Abril de 1974 e, nos anos 70, estaria como porteiro da embaixada portuguesa em Paris [Edmundo Pedro, 1978].

Fontes:
ANTT, Cadastro Político 5210 [Adolfo Teixeira Pais / PT-TT-PIDE-E-001-CX05_, m0205, m0205a, m0205b, m0205c].

ANTT, Registo Geral de Presos 896 [Adolfo Teixeira Pais / PT-TT-PIDE-E-010-5-896].

[João Esteves]
[alterado em 07/02/2023]

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