* BÁRBARA ROSA DE CARVALHO PEREIRA *
[Rosa Pereira || 1928 || Pormenor de uma fotografia do II Congresso Feminista]
Natural de Tomar, Bárbara Rosa de Carvalho Pereira distinguiu-se por mais de três décadas dedicadas às causas republicana, pacifista, maçónica e feminista.
Aderiu, no primeiro trimestre de 1907, ao Comité Português da associação pacifista francesa La Paix et le Désarmement par les Femmes e tornou-se numa das militantes mais activas do núcleo de Tomar da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (sócia n.º 223): interveio, em 1910, no plebiscito interno sobre a revisão dos Estatutos, manifestando-se pela eliminação do antigo art.º 11, já que a “Liga deve interessar-se por tudo quanto seja a emancipação da mulher e quebrar todos os preconceitos que a oprimem e sufocam”; contribuiu para subscrições; participou, em 1912, na campanha a favor da aprovação pelo Parlamento duma lei proibitiva da venda de tabaco e bebidas alcoólicas a menores; e, enquanto subscritora da Obra Maternal, apoiou a manutenção da sua directora em 1915.
Posteriormente, estando já a residir em Lisboa, na R. Augusto José Vieira, n.º 11, r/c, aderiu ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, onde se manteve em actividade durante mais de 20 anos, até à sua proibição pelas autoridades salazaristas.
Tal como muitas outras activistas, o desempenho de cargos directivos no CNMP coincidiu com a iniciação na Maçonaria.
Rosa Pereira distinguiu-se sobretudo na área financeira e na gestão das quotas das associadas da província: foi eleita Secretária do Interior - Arquivista (1923); Tesoureira Adjunta da Direcção (1927) e Tesoureira da Província (1928, 1929, 1931-1934, 1936-1945); e 1.ª Vogal da Assembleia Geral (1946). Pertenceu à Comissão de Beneficência (1924), onde exerceu a presidência em 1925 e 1926, e à Secção de Finanças (1931-1934).
Colaborou em parceria com Mariana da Assunção da Silva, a outra Tesoureira do Conselho, secretariou a 2.ª Sessão Ordinária do Congresso Abolicionista Português (03/08/1926), integrou a Comissão responsável pela aquisição duma bandeira nacional a ser enviada à Aliança Internacional Feminista, participou na recepção promovida pelo Conselho a Adelaide Cabete quando do seu regresso de África e fez parte da delegação que, em 10 de Fevereiro de 1940, entregou à Assembleia Nacional um requerimento, onde se pedia que as competências da Tutoria da Infância sobre as raparigas fosse alargada dos 16 para os 21 anos, de forma a impedir o registo de toleradas antes desta idade, como estava sucedendo.
Assinou, na revista Alma Feminina, uma carta de homenagem à activista Angélica Lopes Viana Porto.
A par da militância feminista, foi iniciada na Maçonaria em 1922 e integrou a Loja Humanidade do Grande Oriente Lusitano Unido e a Loja Humanidade do Direito Humano, com o nome simbólico de Leonor da Fonseca Pimentel.
Enquanto republicana, e num momento particularmente difícil, aderiu, em Maio de 1928, à campanha promovida pelo jornal O Rebate a favor dos presos, deportados e emigrados políticos.
O seu nome aparece indistintamente como Rosa de Carvalho, Rosa de Carvalho Pereira ou Rosa Pereira e era irmã da activista Maria Emília de Carvalho Gonçalves, tendo ambas idêntico percurso político e associativo.
[v. JE, "Bárbara Rosa de Carvalho Pereira", Dicionário no Feminino (Séculos XIX-XX), Livros Horizonte, 2005, pp. 162-163]
[João Esteves]
Sem comentários:
Enviar um comentário